Lições do Rio 2016: atrevimento, diversidade e improviso.


Lições do Rio 2016: atrevimento, diversidade e improviso.

Organizar e apresentar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos proporcionou ao Brasil, especialmente a nós, do mundo da publicidade, uma oportunidade única. No meio da pior crise econômica, política e ética na história do nosso país, fomos desafiados a mostrar a nossa cultura vibrante, diversificada e alegre num palco do mundo inteiro.

Bem semelhante aos atletas das competições, nós, como nação, tivemos histórias épicas e dramáticas durante todo o planejamento dos nossos Jogos. Aprendemos muito com a nossa experiência olímpica e achamos que o mundo pôde aprender lições conosco.

Atrevimento

A palavra atrevimento significa ser valente e corajoso em face de um grande desafio. Isso resume o espírito e a garra que permitiram ao Brasil organizar os Jogos diante do que muitos pensavam que era praticamente impossível. O mundo pôde aprender muito com esse espírito de atrevimento.

Enquanto alguns pensavam que os Jogos no Rio talvez não se consolidassem, nós sabíamos que jamais, nem nunca, deixaríamos isso acontecer. A oportunidade de mostrar o verdadeiro espírito do nosso país era muito importante para o nosso futuro. Se fôssemos bem-sucedidos, poderíamos contribuir para melhorar as perspectivas do nosso país. Se fracassássemos, poderíamos piorar a situação. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos não vão compensar a nossa recessão, mas vão contribuir para a alavancagem da reputação do nosso país a longo prazo, incentivando o turismo e os investimentos comerciais. Conseguimos mostrar que, apesar dos nossos problemas, não estamos na contramão de tanta coisa que temos visto acontecendo no mundo inteiro.

Diversidade

Uma rica diversidade é arraigada em nossa cultura. Isso se vê todos os dias nas ruas, com as raças negras, brancas e indígenas mescladas com cidadãos de todas as partes do globo. Uns 53% da população do país é de mulatos ou negros. Misturamos tudo em nossa cultura – povo, música, dança, comidas e bebidas. Graças à nossa diversidade, e apesar dela, temos uma cultura que atrai as pessoas e impulsiona a criatividade. Temos grandes multidões operando numa maneira pacífica, ordenada e harmoniosa todos os dias, não apenas durante os Jogos Olímpicos, nas praias e nas nossas cidades.

A nossa diversidade proporciona um forte fundamento para a nossa determinação e energia. Vimos isso em nossos atletas e na alma duradoura das nossas favelas. Temos muito orgulho dos nossos 475 atletas, que representam todos os cantos do Brasil e da nossa cultura diversificada, e das 19 medalhas que ganharam. Cada medalha é uma prova de superação de grandes dificuldades. E que resultados melhores vêm de diversos grupos de pessoas.

Improviso

A realização dos Jogos foi um empreendimento espetacular de R$ 12 bilhões, o que seria um grande desafio para qualquer nação, e especificamente para o Brasil. Pode não ser a maneira que os outros países se organizam, mas para nós o improviso faz parte da cultura e, muitas vezes, é a maneira em que inovamos. Somos uma nação criativa – às vezes desorganizada em muitas áreas, como economia emergente – e frequentemente improvisamos, para superar desafios.

A produção da nossa cerimônia de abertura é um exemplo de como improvisamos. Contamos a história valente da nossa cidade durante o que alguns chamaram de cerimônia de abertura “analógica”. O nosso orçamento era uma mera fração daquele dos espetáculos apresentados em Londres 2012 (US$ 41,5 milhões) e em Beijing 2008 (US$ 100 milhões). Nós achávamos importante que, à luz da nossa situação econômica, não podíamos ter desperdício em nosso orçamento. Então, com a ajuda de muitas histórias tocantes, um bom show de iluminação, criatividade e a nossa supermodelo Gisele, abrimos os Jogos com entretenimento, coração e autenticidade.

Podemos todos aprender com essa lição. É a maneira com a qual abordamos o nosso trabalho. Às vezes, as limitações e os obstáculos dão à luz às melhores ideias. É por isso que o Brasil é um dos melhores mercados no mundo para a publicidade e a criatividade. No Brasil, pode ser que deixemos as coisas até o último momento e às vezes acabamos não fazendo o que devíamos fazer na hora certa. Mas, no verdadeiro espírito brasileiro, mostramos que sabemos como e podemos organizar um grande evento com o nosso próprio jeitinho. Mostramos ao mundo que, sim, conseguimos fazer isso. E fizemos do nosso jeito.




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