Santos/SP
Aos 48 anos de idade, o santista Edgard Gouveia Júnior não se cansa de colocar as pessoas para brincar. Arquiteto e urbanista pós-graduado em jogos cooperativos, ele dedica sua trajetória a mobilizar crianças, jovens e adultos com jogos virtuais, gincanas e ações coletivas que desembocam em pequenas revoluções comunitárias.
Aos 48 anos de idade, o santista Edgard Gouveia Júnior não se cansa de colocar as pessoas para brincar. Arquiteto e urbanista pós-graduado em jogos cooperativos, ele dedica sua trajetória a mobilizar crianças, jovens e adultos com jogos virtuais, gincanas e ações coletivas que desembocam em pequenas revoluções comunitárias.
Depois de viabilizar a renovação do Museu da Pesca de Santos, em São Paulo, após concluir sua graduação ele fundou o Instituto Elos e nunca mais parou de fazer acontecer. Em 2008, sua metodologia de brincadeiras sociais batizada Oásis ajudou a revitalizar, com a participação de mais de três mil jovens de diferentes regiões do Brasil, 12 comunidades afetadas pela enchente de do rio Itajaí, em Santa Catarina.
Em cinco dias, os quase mil universitários selecionados para a fase presencial do projeto construíram 43 equipamentos comunitários. Pontes, playgrounds, quiosques, campos de futebol e até pista de motocross foram erguidos. Rápido, divertido e sem botar a mão no bolso. “Brincando, todo mundo é empreendedor”, diz.
Fundador do programa Guerreiros Sem Armas, que fomenta a energia de jovens articuladores, Edgard ampliou sua escala de ação, que agora pretende ser global. Embora o projeto Oásis já conte com mais de 90 pontos de replicação espalhados pelo mundo, ele lançou, em dezembro de 2012, o Play The Call, uma gincana mundial online que tem tarefas concretas no mundo real e pretende envolver 2 bilh?es de pessoas em quatro anos.
Ele acredita que pode alcançar essa meta brincando. Arquiteto de sonhos
Espera aí. Dois bilhões de pessoas? Isso é impossível. Parece mesmo. Mas você começa a acreditar quando escuta Edgard contando os planos do seu projeto, em detalhes que ele ainda não quer divulgar por enquanto.
Empolgado e reflexivo, enquanto fala, sempre calmamente, Edgard constrói raciocínios e chega a conclusões inesperadas. Questionado sobre o que faz na vida, ele responde e concluí: “Olha, você me ajudou a descobrir o que eu faço”.
É difícil mesmo explicar a exata função de Edgard. “Uns me chamam de designer de experiências, outros de facilitador de processos. Com os gincanas eu ajudo as pessoas a se unirem e também recuperarem o valor da cooperação”, diz.
"Vamos ter trabalho, não vai dar dinheiro, mas fizemos esse pacto de sermos felizes"
Edgard é viciado em ouvir histórias. É tão acostumado com isso que conta que às vezes as pessoas começam a contar coisas para eles antes mesmo que ele peça. E é nessas horas que entra em ação um dos talentos dele: conectar pessoas talentosas.
“Eu invisto muito tempo em estar com pessoas. Ajudo muito as pessoas para que elas tenham a coragem de fazer o que queiram fazer”, diz. Edgard não tentar mudar a cabeça das pessoas. Ele já confia nelas. Só quer construir um ambiente onde elas saibam trabalham em conjunto para beneficio próprio. “Vamos reformar a praça? Vamos! Não precisa esperar o governo".
Essa confiança nas pessoas ele afirma vir desde a infância, algo que ele percebeu na sala de aula. “Todos na minha escola eram maravilhosos. Eu não via a chatice dos outros, do que jogava xadrez até o mais terrível”. Edgard viu isso e percebeu a força que existia em transformar a cooperação em jogo assistindo gincanas.
“Na gincana as pessoas se transformavam. Via pessoas carrancudas, pão-duras, cooperando para fazer coisas que pareciam impossíveis. Pensava: Por que a gente não usa esse poder pra fazer uma creche? Não é que tem poucos empreendedores. A gente já é assim. A terra já era redonda, mas a gente não sabia. Tem que descobrir”.
Como isso começou? Entre uma carreira profissional no vôlei abandonada e a formação em arquitetura ele se encontrou nos projetos sociais. Ele e sua turma ouviam palestra, escutavam dicas e sonhavam em transformar a profissão deles em ferramenta para construir um Brasil melhor.
Logo eles chegaram a duas conclusões: não é o caminho mais fácil, ou seja, não vamos ganhar rios de dinheiro, e precisamos agir logo. “Tinha essa clareza. Vamos ter trabalho, não vai dar dinheiro, mas fizemos esse pacto de sermos felizes. Hoje desenhamos gincanas que ajudam as pessoas a construir o sonho delas sem botar a mão no bolso".
Temas de Palestras:
- Empreendedorismo
- Arquitetura
- Criatividade e Inovação
- Superação de Desafios
- Trabalho em Equipe
- Liderança
- Tecnologia Social